Mesmo com a Record roubando o segundo lugar do SBT e as constantes mudança de programação da emissora, o SBT comemorou sábado os seus 25 anos no ar. Vamos contar um pouco da história do SBT
A TVS – O pré-SBT
Em 22 de Dezembro de 1975 entrava ao ar no Rio de Janeiro, pelo canal 11, a TV Studios (TVS). A primeira emissora de Silvio Santos antes de formar o SBT. O primeiro investimento da TVS era CR$ 60 milhões (de Cruzeiros). Seus principais programas eram os talk-shows de Silvio Santos e séries e filmes anos. Pelo visto, pouca coisa mudou. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, até então superentendente da Globo declarou a Revista Veja que o Ministério das Comunicações “Em vez de estimular a programação alternativa das minorias, concedeu-se um canal ao empresário Sílvio Santos, homem que por interesses comerciais que nada têm a ver com televisão corteja ostensivamente as camadas mais populares. Pela luta de Sílvio Santos, fica-se até feliz, mas pela grande luta da televisão brasileira é decepcionante, pois não estamos precisando de mais emissoras dirigidas à massa. (…) Nem o Silvio Santos acreditou no seu canal – assinou contrato com a Tupi. Quem vai acreditar?”
Sobre essa declaração, nós explicamos: Quando saiu da TV Globo, Silvio Santos assinou um contrato com a TV Tupi para que seu programa fosse transmitido em rede nacional. Para Boni, provavelmente o correto seria o Silvio transmitir apenas em sua emissora.
Podemos dizer que a TVS era um “beta” de Silvio Santos antes de fazer o SBT. Digamos que era a TVS era um “molde” do Silvio para fazer o SBT.
O Começo da Rede
Com a falência da TV Tupi em julho de 1980, o Governo Federal decidiu abrir duas licitações para duas novas redes de TV no Brasil com os canais cassados da Tupi. Eram eles: TV Tupi de São Paulo e Rio de Janeiro, TV Piratini, de Porto Alegre, TV Ceará, de Fortaleza, TV Itacomoli, de Belo Horizonte, TV Rádio Clube, de Recife e TV Marajoara, de Belém. E com a TV Excelsior, em São Paulo e a TV Continental, no Rio de Janeiro.
Silvio Santos logo se interessou e criou um departamento dentro do grupo para cuidar do assunto. Segundo livro A Fantástica História de Silvio Santos, de Arlindo Silva (páginas 96 e 97), “criou-se um departamento para cuidar dessa incipiente rede TVS, denominado DOE (Departamento de Outras Emissoras), no qual trabalhavam quatro pessoas: Ademar Dutra, José Roberto de Oliveira Fernandes, Shiro Matsugaki, que cuidavam, respectivamente, da programação, da parte administrativa e da publicidade, e José Eduardo Piza Marcondes, o diretor. Posteriormente, José Eduardo tornou-se superintendente da Rede SBT“.
Participaram da licitação: Grupo Abril (atual dona da MTV), Grupo Visão (que chegou a comprar a Manchete), Rádio Jornal do Brasil (que alugou por 10 anos a CNT atualmente), Rede Capital (Atual emissora regional), Rede Piratininga (Atual afiliada da TV Globo), Rede Rondon (Atual afiliada da RedeTV!), Sistema Brasileiro de Comunicação (Que brevemente se tornou o Sistema Difusora de Comunicação e se afiliou ao SBT), Grupo Silvio Santos (O SBT) e o Grupo Bloch (Ex-dona da Manchete).
Finalmente a TVS era uma rede
Depois dessa concorrência, ganharam o Grupo SS e o Grupo Bloch. O SBT usou a estrutura da produtora do Grupo Silvio Santos e a experiência em gerenciamento que conquistou com a TVS.
No dia 19 de Agosto de 1981, ao vivo de Brasília, entrava no ar a (ainda) TVS Canal 4 de São Paulo, com Silvio Santos dizendo “Neste momento está no ar a TVS Canal 4 de São Paulo”. Um total de US$ 40 milhões foram gastos para colocar a emissora no ar nas quatro praças aonde ela tinha concessão.
A Veja dizia que “ele [Silvio Santos] recrutou na Bandeirantes, na Record, na ex-Tupi e até no rádio nomes que deram certo. No elenco da emissora reluzem apresentadores como J. Silvestre e Ayrton e Lolita Rodrigues, animadores como Moacyr Franco e Raul Gil. Silvio Santos desfalcou os quadros da Record com a contratação de Jacinto Figueira Junior, o “Homem do Sapato Branco”, está persuadindo Hebe Camargo a juntar-se à equipe e promete levar o Chacrinha, até fevereiro do ano que vem [1982], quando acaba seu contrato com a Bandeirantes”. Hebe veio, mas Chacrinha foi para a TV Globo aonde ficou até a morte.
Chaves – Foi sem querer querendo
Em agosto 1984 entrava ao ar o seriado mexicano Chaves. Produzido pela Televisa nos anos 70 e com uma produção totalmente pobre, tinha tudo para NÃO fazer sucesso. Mas, contrariando toda a lógica e os diretores do (já) SBT, ele fez.
O Chaves veio junto num lote de novelas mexicanas que foi comprada pelo SBT. Silvio Santos enquanto mexia nas fitas viu as fitas do Chaves perdidas no meio de um monte de dramalhão. Ele viu o conteúdo e apresentou para ps direitores do SBT. Segundo eles, a série nunca faria sucesso, pois era uma série com uma produção péssima. Cenários claramente de isopor, história ruim e muita violência (sim, eles achavam que Chaves era violento). Mesmo com tantas más recomendações, Silvio mandou dublar os episódios e nunca mais saiu do ar. Exeto em 2003 e 2005.
Em 2005, Chaves ficou ameaçado de sair do SBT. Um dos possíveis compradores? A TV Globo, logo ela que dizia que o seriado não era de boa qualidade pelos motivos que foram ditos pelos diretores do SBT em 1984. Expeculava-se que a Globo iria exibir o seriado pela madrugada como um “tapa-buraco”. Com o medo de perder a série, o SBT renovou com a Televisa.
Novelas Mexicanas – El dramalión
Várias novelas mexicanas fizeram sucesso no SBT. Entre elas estão “Carrosel”, “Rubi”, “A Usurpadora”, “Esmeralda”, “Chispita” e atualmente “Rebelde”.
Carrosel foi o maior sucesso de todos os tempos. Exibida em 1991, obrigou a Globo mudar o formato e o horário do Jornal Nacional para não perder a liderânça no horário.
Novelas Brasileiras – Muito dinheiro e pouco sucesso
O SBT usa os roteiros das novelas mexicanas para fazer as novelas nacionais. Foram três grandes investimentos na teledramartugia brasileira: Cortina de Vidro (1989), que nem foi notada e Brasileiros e Brasileiras (1990). Essa última, tinha um texto brasileiro. Com um elenco estelar e uma produção magnífica, tinha nomes como Ney Latorraca, Lucélia Santos, Daniel Dantas, Fúlvio Stefanini, Isadora Ribeiro, além da direção de Walter Avancini, que foi responsável por grandes sucessos da Manchete como Xica da Silva e Pantanal. Apesar de grandes nomes, o texto da novela era horrível, o que resultou numa baixa audiência e numa crise financeira na emissora, que foi logo recuperada pelo sucesso da mexicana Carrosel.
A única novela brasileira do SBT que teve uma notoriedade foi “Éramos Seis”, remake da novela da TV Tupi.
O SBT deixa de ser popularesco
Quando se pensa em SBT, normalmente pensa em barracos nos programas, como o Programa do Ratinho. Até 1983, isso era pior, pois os programas eram considerados popularescos. O resultado: Boa audiência, mas poucos anunciantes, logo, pouco dinheiro em caixa. O SBT deixou de ser popularesco para ser popular em 1983, quando foi gravada a série “Joana”, uma reedição de “Malu Mulher”, com Regina Duarte e Marco Nanini. Também entrava no SBT o Flávio Cavalcanti, vindo da TV Bandeirantes e Hebe, que entrou no SBT em 1986, também vinda da Band. Para Silvio, ainda faltava muito para o SBT deixar de ser “brega”.
O SBT queria melhorar sua imagem com o público brasileiro, mas primeiramente com os anunciantes. Silvio e os diretores do SBT prepararam um grande plano para aumentar os lucros do SBT, que operava no vermelho. Nesse plano, foram contratados logo de cara grandes nomes da TV: Jô Soares, uma das maiores estrelas da Globo, Carlos Alberto de Nóbrega, que escrevia Os Trapalhões e era dono da “Praça da Alegria”, criado pelo Manoel de Nóbrega e Bóris Casoy, então editor-chefe da Folha de São Paulo.
Silvio, no dia 23 de Outubro de 1987, resolveu interromper o Noticentro para anunciar que chegava na emissora Jô Soares. Seu discurso durou apenas três minutos, mas revolucionou a TV brasileira.
O quinteto Jô, Bóris, Carlos Alberto, Silvio, Hebe e Bozo eram os queridinhos da TV brasileira. E não só dos telespectadores, como dos publicitários. O plano de Silvio deu certo.
Quem não se lembra do interminável Domingo com Silvio? Das seis infinitas horas de Bozo? Do glamour de Hebe nas segundas? Da Velha Surda da Praça? E de que você não ia pra cama sem o gordo?
O complexo da Anhanguera
Antigamente, o SBT tinha estúdios espalhados desde o bairro do Sumaré, no prédio da Tupi até a Vila Guilherme, o primeiro estúdio da TVS/SBT. Mas no dia 19 de agosto de 1996, foi inaugurado o Complexo da Anhanguera, “no 14KM da Via Anhanguera em São Paulo”, como diz Silvio. O Complexo da Anhanguera tem farmácia, mini-hospital, academia, agência bancária do Panamericano, estúdios, cidade cenográfica, diretoria e núcleo de Jornalismo. Custou US$ 120 milhões e é o maior centro de televisão da América Latina. Maior até do que da poderosa Rede Globo e seu Projac.
Slogans
O SBT já teve vários slogans e alguns deles estão na memória dos brasileiros até hoje. Quem não se lembra do “Quem procura, acha aqui” e do “Vem que é bom”, certamente aqueles que ficaram mais conhecidos, usados entre 1988 e 1992?
Teve também o “Se liga no SBT’, “A cara do Brasil” e “Fique ligado”. Atualmente, o slogan do SBT é “Na nossa frente, só você”. Uma campanha da emissora que ficou famosa foi desenvolvida pela agência W/Brasil no final dos anos 80: “Liderança absoluta do segundo lugar”.
Confira a lista:
“Liderança absoluta do segundo lugar” – Anos 80
“Quem procura, acha aqui” – 1988
“Vem que é bom” – 1990
“Aqui tem” – 1992
“Se liga no SBT” – 1993
“Fique ligado” – 1995
“A cara do Brasil” – 1998
“SBT é Brasil. É Sistema Brasileiro de Televisão” – 1999
“Na nossa frente só você” – 2001
“A TV dos brasileiros” – Atual
A era Padrão de jornalismo
O SBT depois de anos sem jornalismo resolveu voltar atrás e recuperar o tempo perdido com a contratação de Ana Paula Padrão. Com isso, vinhetas de duplo sentido foram feitas. Eram assim: Um jornal, muito parecido com O Globo tinha manchetes que diziam: “Globo perde Padrão”, “Globo fica sem Padrão”. E enquanto o narrador dizia: “Aguarde mais notícias sobre Padrão”, aparecia na tela um globo terrestre caíndo. Justo com padrão vieram grandes jornalistas Globais e Luiz Gonzaga Mineiro, um dos maiores jornalistas do Brasil. Em contrapartida, a Band remodelou seu Jornal da Band, que concorrera diretamente com o novo SBT Brasil de Ana Paula Padrão. Com uma campanha maciça, dizendo que “credibilidade não se conquista da noite para o dia”, mas isso não impediu do SBT Brasil estrear com 10 pontos de audiência e picos de 12.
O SBT e suas cópias
O SBT é muito conhecido por imitar as emissoras americanas. Veja alguns exemplos:
Show do Milhão -> Quem quer ficar milionário
Roda a Roda -> Roda da Fortuna
Eu compro o seu televisor -> Topa ou não topa (Que o SBT transmite)
Jô Soares 11:30 -> Late Show, Jay Leno e Larry King
Algumas vinhetas do SBT são indenticas à da ABC. A vinheta “Vem que é Bom” e “Quem Procura Acha Aqui” é cópia de uma vinheta semelhante da NBC.
O SBT Brasil, por exemplo, é uma bela cópia do World News Tonigth. Veja a vinheta:
O logotipo do SBT de 1996 é indentico ao de 1990-2006 da ABC.
O SBT hoje
Digamos que hoje em dia o SBT não é mais o mesmo dos anos 80. As constantes mudanças de programação feitas por Silvio Santos e falta de humildade de admitir que a sua vice-liderança está pra lá de ameaçada pela Rede Record são o que estão levando o SBT para o 3º lugar de audiência. Silvio constantemente acabam humilhando os apresentadores, as vezes pode ser sem querer, mas acaba. As guerras entre Galisteu e Silvio e a proibição dos selinhos da Hebe pode levar a saída destes nomes do casting da emissora. Várias ameaças foram feitas: Hebe para a RedeTV!, Galisteu de volta a Record, Gugu indo para a Record. Todas muito fortes, porém nenhuma concreta.
Silvio precisa se concientizar que TV é um habito que se conquista com o tempo, por isso é necessário esperar até a programação se encaixe na vida dos telespectadores.
Parabéns SBT pelos seus 25 anos.
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