Jornal popularesco traz manchetes de gosto duvidoso
Por Luan Borges
Direto ao Ponto
O tablóide Meia Hora chegou como um jornal que iria revolucionar o Rio de Janeiro. Seu formato pocket, com só um caderno, pequeno, e de linguagem menos robusta, chegou às bancadas cariocas por apenas 50 centavos. Foi um fenômeno e se tornou o carro-chefe do Grupo O Dia, chegando a ser mais vendido que o próprio “O Dia”.
Com o preço popular, o periódico passou a se aproximar cada vez mais do ‘povão’. A lingagem menos robusta deu lugar ao popular, que agora é popularesmo, beirando o mau-gosto. Na edição da última quarta-feira, foi estampada na capa do jornal a foto da última eliminidada do BBB, em letras grafais: “Chupa, Tessália”. Logo mais abaixo, um trocadilho de péssimo gosto: “Adeus ET”, com uma foto do humorista ET, falecido ontem, e ao lado um cartaz do filme “ET”. E como não esquecer da manchete sobre a morte de do rei do pop Michael Jackson? “Nasceu negro, ficou branco, e agora vai virar cinza”.
A lista de manchetes “engraçadinhas” não pára por aí. Podemos citar também as lendárias “Fábio Assunção dá um tempo na carreira”, “Luana Piovanni não tem mais Dado em casa”, “É, nem, vazou” (sobre o vazamento do ENEM) e “Ma-ma-ma-mataram o Ga-ga-ga-guinho”, a indecifrável “Espírito de Marcelo está preso na Terra e pode assombrar Fernanda e Susana”, a ‘hilariante’ “Ronaldo, o povo quer saber, que time é teu?”, a quase impublicável “Ovo podre vira remédio para bilau preguiçoso” e a preconceituosa “Clodovil vira porpurina”. Mas uma não pode deixar de figurar a lista de sandices deste jornal: “Inglês de 13 anos vira o corninho mais jovem do mundo”, complementado com o sub-título “DNA revela: bezerro manso não é o pai!”.
Além das piadas de fazer inveja ao time de roteiristas do Zorra Total, o jornal traz termos que lembram o lendário “O Povo”: meliante, canalha, bandidão, elemento, safadinha, entre outros. O tablóide parece uma nova versão dos extintos “Casseta Popular” e “O Planeta Diário”, que deram origem ao “Casseta e Planeta” da Globo, porém de uma forma de mais mau gosto e que tenta se vender como um jornal de verdade.
O mais lamentável é que, na última página do jornal, há uma coluna intitulada “Gata da Hora”, onde uma ‘leitora’ do jornal envia uma foto somente de bíquini para ser publicada, gratuitamente. A desculpa é que a, digamos, ‘modelo’ é uma “homenagem” a algum time carioca. Porém, além da coluna, na edição de domingo, por mais alguns reais, você pode levar a “Revista Gata da Hora” que contem fotos mais ‘ousadas’ das ‘modelos’.
Em suas matérias, os ‘jornalistas’ dispensam os julgamentos: já condenam os acusados sem chance de defesa. Enquanto os principais jornais usam termos como “suspeito”, o Meia Hora já chama de “mau caráter” e no rodapé da página, que antigamente era preenchido com pequenas notícias e informações adicionais da matéria, hoje é preenchido com frases clichês como “Vai sentar no colo do capiroto”, “Vai apodrecer na cadeia”, “Já vai tarde”…
É lamentável ver um jornal tão ruim sendo tão vendido e copiado, enquanto o histórico “Jornal do Brasil” está ameaçado de sair de circulação. Aliás, o que esperar de um jornal que o Lula quer ser colunista? Espero ao menos que os redatores corrijam os erros de português…
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