Órgão fecha diversas comunidades no Orkut, apreende jukebox e promove ‘caça-as-bruxas’ na rede
Por Luan Borges
Direto ao Ponto
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A APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música) fechou no último domingo, dia 15, a comunidade “Discografias” no Orkut, que contava com mais de 900 mil membros. Além da “Discografias”, outras comunidades administradas pelo mesmo grupo também foram fechadas, como foi o caso das “Trilhas Sonoras de Novelas”, “Trilhas Sonoras de Filmes” e “Índice Geral”.
No ano passado, a APCM decretou guerra aos bares e lanchonetes que usam as lendárias máquinas jukebox, máquinas que oferecem um catálogo musical em troca de moedas. Em 2008, 96 máquinas jukebox foram apreendidas. Uma pessoa foi presa em flagrante e 51 foram indiciadas por violação de direitos autorais. Além das máquinas, que custam entre R$ 4.500 e R$ 8.000, todo o dinheiro dentro delas também foi apreendido. Segundo o diretor da associação, Antonio Borges Filho, cerca de R$ 600 mil em jukebox foram apreendidos.
Em fevereiro deste ano, a APCM mandou fechar o site Legendas.TV, sob a acusação de que “quando um usuário faz a legenda não autorizada de uma obra audiovisual ele fere o trabalho de toda uma cadeia produtiva: produtores, autores, atores, atrizes, câmeras, roteiristas, diretores etc”, afirmou o órgão.
O site rebateu as acusações dizendo que “apenas fazemos legendas”. A APCM também fechou o site da equipe InSUBs.com, que também fazia legendas. A equipe rebateu com outra acusação: a Universal estaria lançando seus DVDs usando as legendas feitas pela equipe sem a devida autorização, como é mostrado nesse vídeo.
A APCM é a representante autorizada da Universal Music, Warner Music, Sony-BMG (a que mandou fechar o MofoTV e o Abertura de Novelas no Youtube), Som Livre, EMI, Columbia Pictures, Disney, MGM, Paramount, Fox, Universal Studios e a Federação Internacional da Indústria Fonográfica.
O usuário comum é o maior culpado da pirataria. Afinal, somos nós que copiamos os CDs, distribuímos ilegalmente, vendemos, e colocamos os preços dos CDs e DVDs originais com preços que ignoram a real condição da população brasileira.
Vivemos num país em que a renda da população é de R$ 833 e o salário mínimo é de R$ 465. Os serviços básicos, como água, luz, telefone e etc, são um absurdo de caro. Os DVDs custam cerca de R$ 40 a R$ 50 reais. Os CDs seguem a mesma faixa de preço. Será que a cultura é destinada apenas as classes mais abastardas? Será que a solução para a acabar com a piratara não é a redução dos preços dos produtos originais? Sim, é, mas as gravadoras, na ganância do dinheiro, preferem caçar não só os produtos piratas, mas também os downloads, as legendas feitas por fãs, o seu MP3.
Em breve, a APCM instaurará um limite de decibéis para que ouçamos uma música sem sermos acusados de “execução pública ilegal”. Carros com som alto já não poderão existir mais. Festinhas infantis com música do Balão Mágico então, nem pensar.
Em breve, não poderemos mais transferir nossas músicas preferidas para o MP3, passá-las via MSN, bluetooth ou qualquer outra tecnologia. Estamos tirando a comida da boca da Ivete Sangalo, da Madonna, dos atores de Hollywood, e essa gente tão desprovida de dinheiro, que não tem nem onde cairem mortos. Que cruéis nós somos…
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